quarta-feira, 11 de outubro de 2017
Lista das escolas com difícil acesso de Osasco 2017
PORTARIA Nº 21 / 2017
Dispõe sobre a classificação das Unidades Escolares do Município de Osasco,
para fins de concessão de adicional de 10% (dez por cento), a título de Adicional
de Local de Exercício, aos servidores do Quadro Permanente do Magistério
conforme estabelecido no artigo 48, da Lei Complementar 168 de 16/01/2008,
alterada pela LC 172/2008 e LC 189/2010.
A Secretária de Educação, no uso de suas atribuições legais e com base no
artigo acima citado, e considerando o parecer da SAJ/ DATL de fls.0916 do PA
nº 18.820/ 2008, que trata da concessão de Adicional de Local de Exercício,
Resolve:
Artigo 1º - O Adicional de Local de Exercício será devido aos servidores do
Quadro Permanente do Magistério, em efetivo exercício em unidade escolar,
que apresente uma das seguintes características:
I – localizada em área de difícil acesso;
II – localizada em área de risco
§1º - Para efeito do disposto neste artigo considera-se:
a) unidade em área de difícil acesso aquela situada acima de um raio de 3,3
km, tendo o Largo de Osasco como marco zero.
b) unidade em área de risco aquela situada em área de vulnerabilidade social,
tendo como base, pesquisa publicada pela Secretaria de Desenvolvimento,
Trabalho e Inclusão, no Atlas de Exclusão Social de Osasco – Alternativas de
Desenvolvimento, Trabalho e Inclusão, tabela 28, com índice de exclusão social
inferior a 0,3 pontos.
§2º - Para efeito desta Portaria, considera-se como Quadro Permanente do
Magistério, os servidores investidos em cargo público, de provimento efetivo
ou de provimento em comissão, que exercem atividades de docência e de suporte
pedagógico, a saber : Professores de Educação Básica I, Professores de
Educação Básica II, Professores de Desenvolvimento Infantil I, Professores de
Desenvolvimento Infantil II, Diretores, Vice-Diretores, Diretores de Desenvolvimento
Infantil, Coordenadores Pedagógicos, Coordenadores Educacionais de
Creche, Professores de Educação Especial, Professores Adjuntos e os docentes
contratados por tempo determinado regidos pela CLT.
Artigo 2º - Para fins de concessão de Adicional de Local de Exercício, conforme
estabelecido no artigo anterior, ficam classificadas, para o ano de 2017, as
seguintes unidades escolares:
CRECHE ALHA ELIAS ABIBE
CRECHE AMÉLIA TOZZETO VIVIANE
CRECHE DAISY RIBEIRO NEVES
CRECHE ELZA BATTISTON
CRECHE ÉZIO MELLI
CRECHE HERMÍNIA LOPES
CRECHE INÊS SANCHES MENDES
CRECHE JOÃO CORREA
CRECHE JOSÉ ESPINOSA
CRECHE IRMÃ MARIA BENEDITA CONSTÂNCIO
CRECHE LIDIA THOMAZ
CRECHE MARIA FIGUEIREDO ANTIORIO
CRECHE MERCEDES CORREA RUIZ BATISTA
CRECHE PEDRO PENOV
CRECHE OLGA COMALESI PAVÃO
CRECHE ROSA BROSEGHINI
CRECHE SADAMITU OMOSAKO
CRECHE SÉRGIO ZANARDI
CRECHE SILVIA FERREIRA FARAH
EMEI ADHEMAR PEREIRA DE BARROS
EMEI ALIPIO PEREIRA DOS SANTOS
EMEI ANTONIO PAULINO RIBEIRO
EMEI CRISTINE APARECIDA DE OLIVEIRA BRAGA
EMEI DALVA MIRIAN PORTELLA MACHADO
EMEI DESCIO MENDES PEREIRA
EMEI EMIR MACEDO NOGUEIRA, PROF
EMEI ESMERALDA FERREIRA SIMÃO NÓBREGA
EMEI MARIA ALVES DÓRIA
EMEI MARIA APARECIDA DE C DAMMY RODRIGUES
EMEI NAIR BELACOZA WARZEKA
EMEI OSVALDO SALLES NEMER
EMEI PROVIDÊNCIA DOS ANJOS CARREIRA
EMEI SALVADOR SACCO
EMEI SEVERINO DE ARAUJO FREIRE
EMEI SÔNIA MARIA DE ALMEIDA FERNANDES
CEMEI ALBERTO SANTOS DUMONT
CEMEI CARLOS FERNANDES COSTA
CEMEI GERTRUDES DE ROSSI
CEMEI JOÃO DE FARIAS
CEMEI JOSÉ ERMIRIO DE MORAIS, SEN
CEMEI LOURDES CÂNDIDA DE FARIA
CEMEI MÁRIO QUINTANA
CEMEI MARIA DA CONCEIÇÃO DA S PAIXÂO
CEMEI MARIA MADALENA FREIXEDA
CEMEI NELLY GRIZI OLIVA
CEMEI RUBENS BANDEIRA
CEMEI YOLANDA DE SÁ BATISTON
CEMEI ZAÍRA COLLINO ODALIA
CEMEIEF MARIA JOSÉ FERREIRA FERRAZ, PROF.ª
CEMEIEF MARIA TARCILLA FORNASARO MELLI
EMEIEF JEANETE BEAUHAMP, PROFª
EMEIEF ETIENE SALES CAMPELO
EMEIEF MESSIAS GONÇALVES DA SILVA
EMEIEF VALTER DE OLIVEIRA FERREIRA, PROF.
EMEIEF ZULEIKA GONÇALVES MENDES, PROF.ª
EMEF ALFREDO FARHAT, DEPUTADO
EMEF ALICE RABECHINI FERREIRA
EMEF ALIPIO DA SILVA LAVOURA
EMEF ANÉZIO CABRAL
EMEF ANTONIO DE SAMPAIO, GAL
EMEF BENEDITO ALVES TURIBIO
EMEF DOMINGOS BLASCO, MAESTRO
EMEF ELIDIO MANTOVANI, MONSENHOR
EMEF ELIO APARECIDO DA SILVA
EMEF FRANCISCO MANUEL L DE SÁ CARNEIRO, DR.
EMEF JOÃO CAMPESTRINI, PROF.
EMEF JOSÉ GROSSI, PADRE
EMEF JOSÉ MANOEL AYRES, DR.
EMEF JOSÉ VERÍSSIMO DE MATOS
EMEF JOSIAS BAPTISTA, PASTOR
EMEF LUCIANO FELICIO BIONDO
EMEF MANOEL BARBOSA DE SOUZA, PROF
EMEF MANOEL TERTULIANO DE CERQUEIRA, PROF.
EMEF MARINA VON PUTTKAMMER MELLI
EMEF OLAVO ANTONIO B SPINOLA
EMEF OLINDA MOREIRA LEMES DA CUNHA, PROF.ª
EMEF ONEIDE BORTOLOTE
EMEF OSCAR PENNACINO
EMEF OSVALDO QUIRINO SIMÕES
EMEF QUINTINO BOCAIUVA
EMEF RENATO FIUZA TELES, PROF
EMEF SAAD BECHARA
EMEF VICTOR BRECHERET, ESCULTOR
CEU JOSE SARAMAGO
CEU ZILDA ARNS NEUMANN, DRA
Artigo 3º - Esta Portaria tem seus efeitos retroagidos a 1º de janeiro de 2017,
ficando revogada a Portaria 18/2012 publicada no IOMO de 06 de julho de 2012
Osasco 04/07/2017.
ANA PAULA ROSSI
SECRETÁRIA /S.E
Fonte: Imprensa Oficial do Município de Osasco edição 1363 do dia 4 de julho de 2017, disponível em http://www.iomo.osasco.sp.gov.br/2014/ed1363.pdf
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
Negras do Tabuleiro - Questão ENEM
A África Ocidental é conhecida
pela dinâmica das suas mulheres comerciantes, caracterizadas pela perícia,
autonomia e mobilidade. A sua presença, que fora atestada por viajantes e por
missionários portugueses que visitaram a costa a partir do século XV, consta
também na ampla documentação sobre a região. A literatura é rica em referências
às grandes mulheres como as vendedoras ambulantes, cujo jeito para o negócio,
bem como a autonomia e mobilidade, é tão típico da região.
HAVIK, P. Dinâmicas e
assimetrias afro-atlânticas: a agência feminina e representações em mudança na
Guiné (séculos XIX e XX). In: PANTOJA, S. (Org.). Identidades, memórias e
histórias em terras africanas. Brasília: LGE; Luanda: Nzila, 2006.
A abordagem realizada pelo
autor sobre a vida social da África Ocidental pode ser relacionada a uma
característica marcante das cidades no Brasil escravista nos séculos XVIII e
XIX, que se observa pela
A) restrição à realização do
comércio ambulante por africanos escravizados e seus descendentes.
B) convivência entre homens e
mulheres livres, de diversas origens, no pequeno comércio.
C) presença de mulheres negras
no comércio de rua de diversos produtos e alimentos.
D) dissolução dos hábitos
culturais trazidos do continente de origem dos escravizados.
E) entrada de imigrantes
portugueses nas atividades ligadas ao pequeno comércio urbano
Esta questão refere-se as
chamadas “negras de tabuleiro” que
eram comerciantes ambulantes, vendiam gêneros alimentícios e aguardente.
Participavam deste trabalho escravas ou libertas. São citadas em fontes com
maior frequência durante o ciclo de ouro
em Minas Gerais (século XVIII), pois se tornaram uma ameaça para as
autoridades, faziam o comércio próximo dos locais de extração de ouro,
possibilitando assim o contrabando e o não pagamento das taxas de impostos. Devido
a isto sofriam perseguições e punições de toda a sorte.
“Formavam assim uma verdadeira
multidão de negras, mulatas, forras ou escravas que circulavam pelo interior
das povoações e arraiais com seus quitutes, pastéis, bolos, doces, mel, leite,
pão, frutas, fumo e pinga, aproximando seus apetitosos tabuleiros dos locais de
onde se extraíam ouro e diamantes ... Ao proporcionarem consumo aos escravos
que mineravam por lavras e córregos espalhados pela capitania, contribuíam para
o desvio do ouro extraído, que reduzia a
arrecadação do quinto” 1
Figura 1 Johann
Moritz Rugendas. Viagem pitoresca através do Brasil. 5.ed. São Paulo: Martins,
|
Nas
vendas, muitas delas dirigidas por mulheres, diferentes grupos sociais se
reuniam para beber e se divertir; em seu interior escondiam-se atividades
escusas como contrabando de ouro e pedras, abastecimento de quilombos e
prostituição.
“As
negras também eram acusadas de incentivar a embriaguez e a violência nos
lugares onde permaneciam ... No bando de 8 de Abril de 1764, foi listada uma
série de contravenções das negras de tabuleiro, pelas quais sofreriam punições,
tais como o confisco dos gêneros a serem comercializados, prisão de oito a
noventa dias, açoites em praça públicas e o pagamento de fiança.” 2
Texto
complementar:
As outras Chicas da Silva
A
América portuguesa viveu enormes transformações a partir do século 18. Houve
intenso processo de urbanização e aumento populacional, principalmente entre
escravos e aqueles que tinham adquirido a carta de alforria, chamados de
forros. Etnias encontraram-se, conviveram, coexistiram e, também, sustentaram
conflitos. Nas cidades, muito mais que nas áreas rurais, a mobilidade física e
social foi marcante. Aí, o universo cultural brasileiro consolidou-se baseado
na diversidade, no hibridismo e na impermeabilidade dos costumes e das
tradições, mesmo que, nesse último caso, mais no discurso que na prática.
Homens e mulheres, livres, libertos e escravos construíram esse ambiente e dele
usufruíram o quanto puderam e como puderam.
O
ouro, de início, fomentou as mudanças, mas não foi ele o único elemento
responsável por elas. Já nas primeiras décadas de ocupação das terras das Minas
Gerais, gente de variada origem tentou fazer fortuna não apenas minerando, mas
plantando roças e criando animais, oferecendo serviços de todo tipo e,
sobretudo, praticando algum comércio. Nas vilas e arraiais das Minas tudo isso
existiu, e nunca os escravos estiveram excluídos dessas possibilidades. Ruas,
vielas, chafarizes e becos hospedaram milhares e milhares de escravos de ganho,
de negras de tabuleiro, de coartados – cativos que pagavam sua alforria em
parcelas, durante três ou quatro anos – e de forros. Enquanto alguns
sobreviviam a duras penas, outros, e não foram poucos, conseguiam ganhar
dinheiro, com o qual compravam a liberdade, casas, roupas, ferramentas de
trabalho, jóias e também escravos.
As
mulheres ocuparam lugar destacado nesse mundo urbano colonial. Quando escravas,
várias conheciam, além de autonomia, alguma fortuna. Depois de libertas, muitas
outras ascendiam social e economicamente, transformavam-se em importantes
comerciantes e proprietárias de escravos, e engrossavam a camada média urbana
que habitava a antiga capitania. Mulheres como essas foram responsáveis por
grande parte do consumo de tecidos produzidos na Índia especialmente para o
Brasil.
Ignácia
Ribeira, forra, moradora no arraial do Pompeu em 1777, possuía uma venda de
secos e molhados, um escravo, ouro lavrado em barra, um colar de corais e tinha
pago uma quantia avultada por sua liberdade: cerca de 300 mil réis. Izabel
Pinheira, angolana, morreu viúva, no arraial da Roça Grande, em 1741, possuindo
sete escravos que ficaram alforriados e coartados no testamento deixado por
ela. Entre as mais afortunadas, estava a crioula Bárbara de Oliveira, natural
da Bahia, que se mudara para Sabará, onde morreu em 1766. Ela possuía 22
escravos (mais mulheres que homens – um conjunto de grande porte, incomum até
mesmo entre proprietários brancos). Também tinha muitas jóias e roupas
guardadas em canastras, como “uma saia de primavera de seda, uma de droguete
preto e uma de seda passado de ouro”. Ela possuía, ainda, ouro lavrado e em pó
e muitos créditos na praça.
É
provável que a origem de sua fortuna estivesse ligada, de alguma forma, à
prostituição e, talvez, por isso, ela, em testamento, alforriasse e coartasse
quase todas as suas escravas e os filhos delas. Um último exemplo: a crioula
Bárbara Gomes de Abreu e Lima, que morreu em Sabará, em 1735. Depois de comprar
sua alforria, ela formou uma invejável fortuna e montou uma impressionante rede
de relações sociais com alguns dos homens mais ricos e importantes da vila.
Bárbara morava em um sobrado imponente, na rua principal, mas possuía outras
casas. Tinha muito ouro em pó e lavrado, créditos às dezenas e negócios que não
ficaram revelados espalhados por várias regiões de Minas e pela Bahia, de onde
viera ainda cativa. De Sabará, ela tudo controlava. Tinha apenas sete escravos,
o que não condizia com sua riqueza.
Já
entre berloques e balangandãs, sua posição social aparecia mais explicitamente:
dezenas de cordões de ouro, vários com corais engranzados, como se dizia na
época; além de tecidos de várias partes do mundo. Bárbara era uma das muitas
negras que, como Chica da Silva, a amante do contratador João Fernandes,
ajudaram a decidir os rumos de Minas. Cada vez mais a nova historiografia
demonstra que essas mulheres não eram exceções nem gente alienada. Elas não
lutaram contra a escravidão dos irmãos de cor e de raça, mas, ao atuarem no
dia-a-dia, ajudaram a constituir uma sociedade diferente.
Eduardo
paiva é Professor da Universidade federal de minas gerais e autor de escravidão
e universo cultural na colônia, da editora ufmg
Disponível
em: https://s.guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/outras-chicas-silva-433508.shtml
Bibliografia
1
DEL PRIORE, Mary (org.) & BASSANEZI, Carla (coord. de textos). História das
Mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto/Ed. UNESP, 1997
2
CHAVES, Cláudia Maria das Graças. Perfeitos Negociantes – Mercadores das Minas
setecentistas. São Paulo: Annablume, 1999
Gabarito
Alternativa correta: (C)
terça-feira, 15 de agosto de 2017
Eleições no Brasil Imperial - Questão História ENEM 2016 Segunda aplicação
Explanação.
No período monárquico as eleições funcionavam da seguinte
forma; podiam votar:
“homens com pelo menos 25 anos
(21 anos, se casados ou oficiais militares, e independentemente da idade, se
clérigo ou bacharel). Apesar da constituição de 1824 não proibir
explicitamente, mulheres e escravos não tinham direito ao voto. Os libertos
podiam votar nas eleições de primeiro grau. Existia ainda uma exigência de
obtenção de uma renda anual para ter direito ao voto: 100 mil réis por ano para
ser votante e 200 mil réis para ser eleitor;” 1
As eleições ocorriam em dois
âmbitos, local (Juízes de Paz – responsável para redimir pequenos conflitos e
manter a ordem na paróquia, e para vereadores –
administradores das vilas e cidades, não havia prefeitos) e geral
(Assembleia Provincial, Câmara dos Deputados e Senado). As votações eram feitas
por graus, indiretas e censitárias, ou seja, aqueles que votavam na base da
pirâmide não escolhiam diretamente seus representantes na câmara dos deputados
e no senado.
A eleição de primeiro grau era a paroquial, realizada na
igreja após a missa, esta eleição determinava quem seria os votantes (1°grau)
que elegeriam os eleitores (2°grau), os
eleitores votariam nos deputados e senadores, no caso do senado os três mais
votados seriam submetidos a escolha do imperador, o cargo do senador era
vitalício. A renda deveria ser maior de acordo com a importância do cargo.
Neste período o Brasil tinha um número elevado de votantes
em comparação com outros países.
“Na prática, o número de
pessoas que votavam era também grande, se levados em conta os padrões dos
países europeus. De acordo com o censo de 1872, 13% da população total,
excluídos os escravos, votavam. Segundo cálculos do historiador Richard Graham,
antes de 1881 votavam em torno de 50% da população adulta masculina. Para
efeito de comparação, observe-se que em torno de 1870 a participação eleitoral
na Inglaterra era de 7% da população total; na Itália, de 2%; em Portugal, de
9%; na Holanda, de 2,5%. O sufrágio universal masculino existia apenas na
França e na Suíça, onde só foi introduzido em 1848. Participação mais alta
havia nos Estados Unidos, onde, por exemplo, 18% da população votou para
presidente em 1888. Mas, mesmo neste caso, a diferença não era tão grande.” 2
Esta realidade mudou com a Lei Saraiva de 1881, esta lei instituiu
a necessidade de alfabetização (ao
votar o eleitor deveria escrever o nome do candidato), critérios mais rigorosos
para a comprovação de renda e o voto direto, bandeira levantada pela maioria na
arena política, liberais, republicanos e conservadores. Atendendo
principalmente ao desconforto da classe dominante, de ter que barganhar votos
das classes mais populares que votaram principalmente nas eleições de 1° grau. Esta
lei veio com o intuito de retirar os direitos de voto das classes populares,
podemos observar esta constatação através da tabela IV, onde o número de
eleitores cai consideravelmente nos que tem rendimentos entre 200 e menos que
400 mil réis. O número de eleitores em 1872 era de 10,8% e foi para 0,8% em
1886.
“Consideramos de immensa vantagem a eleição directa. Por ella os
fazendeiros deixarão de conservar e alimentar em suas terras innumeros
aggregados, que não se dão ao trabalho contando com os celleiros das fazendas
mediante o voto que nas occasiões sabem fazer valer. Há fazendeiros, Exm. Sr.,
que converteram as suas fazendas em viveiros de votantes, com o estulto fim de
se inculcarem influências eleitoraes, consentindo pra isso que suas terras
sejam estragadas sem proveito algum” 3
“Sob o título Reforma
Eleitoral, professores da Faculdade de Direito do Recife publicaram uma
coletânea de textos sobre a eleição direta. Ali, onde afluíam os discursos dos
homens esclarecidos da sociedade, em meio a citações de Fourier, Hahnemann e
Rousseau e ao estudo comparativo de Constituições européias, notabilizava-se um
desprezo de classe em relação ao povo “o qual, além de pouco illustrado e
dependente da vontade do senhor da terra, nem entende de questões políticas,
nem se occupa com negócios públicos”.25 O cidadão que os ilustrados autores
desejavam ver às urnas deveria ser gestado por uma lei eleitoral que “instituía
eleitores pela intelligencia provada com diploma, e eleitores pelo censo que possuem”.
4
Os eleitores de menor renda,
foram os que mais afetados pela nova lei.
No ano seguinte (1872), o primeiro censo
brasileiro daria, para a população de 5 anos ou mais, uma taxa de analfabetismo
da ordem de 82,3%. Pode-se estimar que, para a população de mais de 10 anos, a
taxa se situaria em torno de 78%. Essa situação permaneceu inalterada pelo
menos até o censo de 1890, que acusou uma taxa de analfabetismo de 82,6% para a
mesma população de 5 anos ou mais. 5
Dicas
Brasil Colônia
|
Brasil Império
|
Brasil República
|
Capitanias
|
Províncias
|
Estados
|
Sufrágio Universal
Votação em que todos os cidadãos com capacidade legal podem exercer o direito de voto.
"sufrágio", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://priberam.pt/dlpo/sufr%C3%A1gio [consultado em 16-08-2017].
O número de votantes potenciais em 1872 era de 1.097.698, o que corresponde a 10,8% da população total. Esse número poderia chegar a 13%, quando separamos os escravos dos demais indivíduos. Em 1886, cinco anos depois de a Lei Saraiva ter sido aprovada, o número de cidadãos que poderiam se qualificar eleitores era de 117.022, isto é, 0,8% da população.
CASTELLUCCI, A.A.S. Trabalhadores, máquina política e eleições na Primeira República.
A explicação para a alteração envolvendo o número de eleitores no período é a:
a) criação da Justiça Eleitoral
b) exigência da alfabetização.
c) redução da renda nacional.
d) exclusão do voto feminino.
e) coibição do voto de cabresto.
GABARITO:
Alternativa correta: (B).
Bibliografia
1 NICOLAU, Jairo. Eleições no Brasil: do
Império aos dias atuais. Rio de Janeiro: Zahar, posição 63, 2012.
2 CARVALHO,
José Murilo de. Cidadania no Brasil. O longo Caminho. 3ª ed. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, pg 31, 2002
Janeiro: Civilização Brasileira, pg 31, 2002
3
CONGRESSO AGRÍCOLA.
Edição Fac-Similar dos Anais do Congresso Agrícola no Rio de Janeiro em 1878.
Introdução de José Murilo de Carvalho. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rio
Barbosa, 1988. p.32
4 José Antonio
de Figueiredo, in BANDEIRA, Antonio Herculano de Souza. Recife, Reforma
Eleitoral. Typographia Universal, 1862, p. 89. APEJE – Folhetos Raros, p.17
5 FERRARO
(FERRARI), Alceu R. Analfabetismo e níveis de letramento no Brasil: o que dizem
os censos? Educação e Sociedade, São Paulo, v.23, n.81, p.21-47, dez. 2002.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
Questões Vestibular - A escravidão indígena
1) (PUC-RIO 2009) Sobre as características da
sociedade escravista colonial da América portuguesa estão corretas as
afirmações abaixo, À EXCEÇÃO de uma. Indique-a.
A) O início do processo de colonização na América portuguesa foi marcado pela utilização dos índios – denominados “negros da terra” – como mão-de-obra.
A) O início do processo de colonização na América portuguesa foi marcado pela utilização dos índios – denominados “negros da terra” – como mão-de-obra.
B) Na América portuguesa, ocorreu o predomínio da utilização da mão-de-obra escrava africana seja em áreas ligadas à agro-exportação, como o nordeste açucareiro a partir do final do século XVI, seja na região mineradora a partir do século XVIII.
C) A partir do século XVI, com a introdução da mão-de-obra escrava africana, a escravidão indígena acabou por completo em todas as regiões da América portuguesa.
D) Em algumas regiões da América portuguesa, os senhores permitiram que alguns de seus escravos pudessem realizar uma lavoura de subsistência dentro dos latifúndios agroexportadores, o que os historiadores denominam de “brecha camponesa”.
E) Nas cidades coloniais da América portuguesa, escravos e escravas trabalharam vendendo mercadorias como doces, legumes e frutas, sendo conhecidos como “escravos de ganho”.
2) (UFSC 2011) A Anti-Slavery Internacional, organização
não-governamental que atua no combate à escravidão no mundo contemporâneo,
considerava que cerca de 25 milhões de pessoas eram vítimas do trabalho escravo
em 2003. Dentre essas pessoas haveria trabalho infantil, exploração sexual e
trabalhadores escravizados por dívida. Nesse mesmo ano, conforme a Comissão
Pastoral da Terra (CPT), aproximadamente 25 mil pessoas estariam vivendo nessas
condições no Brasil.
CATELLI JUNIOR, Roberto. História – Texto e Contexto. São Paulo: Editora Scipione, 2007. p. 268.
Sobre o tema escravidão, é CORRETO afirmar que:
1) a partir de 1888, com a Lei Áurea, foram criadas condições especiais para que os libertos pudessem ingressar no mercado de trabalho, especialmente no meio rural com a distribuição de terra a ex-escravos.
CATELLI JUNIOR, Roberto. História – Texto e Contexto. São Paulo: Editora Scipione, 2007. p. 268.
Sobre o tema escravidão, é CORRETO afirmar que:
1) a partir de 1888, com a Lei Áurea, foram criadas condições especiais para que os libertos pudessem ingressar no mercado de trabalho, especialmente no meio rural com a distribuição de terra a ex-escravos.
2) dada à tradição de liberdade, a população indígena no Brasil nunca pode ser submetida à escravidão, optando-se, então, pela compra de negros da África.
4) no Brasil do século XXI ainda existem pessoas que vivem em condições de escravidão, tanto em grandes fazendas quanto no meio urbano.
8) em função das políticas de inclusão adotadas no Brasil nos últimos anos, as diferenças salariais desapareceram quando comparados os salários entre brancos e negros.
16) hoje, a escravidão existente se relaciona diretamente a preconceitos étnicos e de cor, não tendo nenhuma relação com as condições sociais e a distribuição de renda.
32) conflitos entre as várias tribos no continente africano fizeram com que negros escravizassem outros negros, vendendo-os como mercadorias.
3) (UFPE) Um dos temas constantes na História do Brasil
refere-se à escravidão. Muitas explicações são atribuídas ao fato de que a
escravidão indígena foi sendo substituída pela africana. Assinale a(s)
alternativa(s) correta(s).
A) A principal razão pela qual a escravidão indígena foi sendo substituída pela africana deve-se ao fato de que o indígena era preguiçoso, preferia pescar e caçar a trabalhar forçado na agricultura.
A) A principal razão pela qual a escravidão indígena foi sendo substituída pela africana deve-se ao fato de que o indígena era preguiçoso, preferia pescar e caçar a trabalhar forçado na agricultura.
B) O africano era uma raça mais adaptada ao trabalho agrícola, principalmente ao trabalho físico pesado. Na África, já estava habituado a esse tipo de atividade e, por essa razão, ele se adaptou melhor que os indígenas.
C) Os indígenas se rebelavam com mais frequência contra o trabalho escravo que lhes era imposto, porque sua religião tinha como um dos mandamentos fundamentais o exercício da liberdade.
D) A morte dos povos indígenas - em razão dos ataques dos brancos e do contágio de doenças - além da proteção da Igreja, que condenava a escravidão desses povos gerou a busca pela alternativa do trabalho escravo africano.
E) É completamente equivocada a afirmação de que o africano se adaptou melhor à escravidão do que o indígena; qualquer povo livre sempre reagirá a qualquer tentativa de transformá-lo em escravo.
4) (CESGRANRIO/RJ) No Brasil, o quilombo foi uma das
formas de resistência da população escrava. Sobre os quilombos no Brasil, é
correto afirmar que a(o):
A) existência de poucos quilombos na região norte pode ser explicada pela administração diferenciada, já que, no Estado do Grão-Pará e Maranhão, a Coroa Portuguesa havia proibido a escravidão negra;
A) existência de poucos quilombos na região norte pode ser explicada pela administração diferenciada, já que, no Estado do Grão-Pará e Maranhão, a Coroa Portuguesa havia proibido a escravidão negra;
B) quase inexistência de quilombos no sul do Brasil se relaciona à pequena porcentagem de negros na região, e que também permitiu que lá não ocorressem questões ligadas à segregação racial;
C) população dos quilombos também era formada por indígenas ameaçados pelos europeus, brancos pobres e outros aventureiros e desertores, embora predominassem africanos e seus descendentes;
D) maior dos quilombos brasileiros, Palmares, foi extinto a partir de um acordo entre Zumbi e o governador de Pernambuco, que se comprometeu a não punir os escravos que desejassem retornar às fazendas;
E) maior número de quilombos se concentrou na região nordeste do Brasil, em função da decadência da lavoura cafeeira, já que os fazendeiros, impossibilitados de sustentar os escravos, incentivavam-lhes a fuga.
5) e a transformação de índio em escravo exigiu ajustamentos por
parte da camada senhorial, também pressupunha um processo de mudança por parte
dos índios. Este processo desenrolou-se ao longo do século XVII, contribuindo
para a evolução das bases precárias sobre as quais se assentava o regime de
administração particular. Um dos elementos centrais deste processo foi a
religião que, em certo sentido, servia de meio para se impor uma distância
definitiva entre escravos índios e a sociedade primitiva da qual foram
bruscamente separados".
MONTEIRO, John Manuel. "Negros da Terra:" Índios e
Bandeirantes nas Origens de São Paulo: São Paulo: Companhia das Letras, 1995,
p.159. Considerando o e-mail apresentado, assinale a alternativa correta.
A) A conversão religiosa do índio ao cristianismo era uma estratégia
central para a desarticulação de seus laços culturais originais e sua inserção,
como escravo, na sociedade colonial.
B) A conversão do índio ao cristianismo não visava ter um efeito
qualquer sobre os comportamentos e hábitos culturais indígenas, servindo apenas
como justificativa para a escravidão.
C) A camada senhorial de São Paulo não se alterou diante da herança
cultural indígena, impondo aos índios, pela força das armas, sua cultura e sua
religião.
D) A religião cristã dificultou a inserção do índio como escravo na
sociedade colonial, pois os missionários jesuítas opuseram-se veementemente à
escravidão indígena.
6) (UFJF/MG) "São pois os ditos índios aqueles que
vivendo livres e sendo senhores naturais das suas Terras, foram arrancados
delas com suma violência e tirania (...) até chegarem às terras de São Paulo
onde os moradores serviam e servem deles como escravos." (Antônio Vieira –
1692)
"Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho,
porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar a fazenda,
nem ter engenho corrente. (...) Os de Cabo Verde e São Tomé são mais fracos. Os
de Angola, criados em Luanda, são mais capazes de aprender ofícios mecânicos.
(...)" (Antonil – 1711)
Podemos perceber, através dos trechos citados acima, que
índios e negros participaram da construção da história brasileira a partir de
diferentes circunstâncias, mas ambos, igualmente, foram vítimas de um forte
processo de exclusão social. Com base nessa reflexão, assinale a alternativa
incorreta:
A - No início da colonização, recorreu-se à escravização da
mão-de-obra indígena, rompendo as relações amistosas dos primeiros contatos
entre portugueses e nativos.
B - As epidemias e as mortes por trabalho forçado, ao causarem rápido
decréscimo da população nativa, bem como as pressões jesuíticas contrárias à
sua escravização, constituíram importantes obstáculos à transformação do índio
em principal força de trabalho.
C - Embora exercessem funções mais especializadas, como a de
ferreiros e carpinteiros, os escravos africanos eram fundamentalmente
utilizados nas atividades agrícolas e mineradoras.
D - A expulsão dos índios de suas terras, sua escravização,
bem como o seu aldeamento nas missões jesuíticas, contribuíram para a
dissolução de seus padrões culturais.
E - O tráfico de escravos africanos era uma atividade da qual
participavam somente elementos da Corte Portuguesa – burocratas e grandes
proprietários – através do comércio triangular África – Lisboa – Brasil.
7) (FUVEST/SP) Durante o período colonial, o Estado português
deu suporte legal a guerras contra povos indígenas do Brasil, sob diversas
alegações; derivou daí a guerra justa, que fundamentou:
A - o genocídio dos povos indígenas, que era, no fundo, a
verdadeira intenção da Igreja, do Estado e dos colonizadores;
B - a criação dos aldeamentos pelos jesuítas em toda a
colônia, protegendo os indígenas dos portugueses;
C - o extermínio dos povos indígenas do sertão quando, no
século XVII, a lavoura açucareira aí penetrou depois de ter ocupado todas as
áreas litorâneas;
D - a escravização dos índios, pois, desde a antigüidade,
reconhecia-se o direito de matar o prisioneiro de guerra, ou escravizá-lo;
E - uma espécie de "limpeza étnica", como se diz
hoje em dia, para garantir o predomínio do homem branco na colônia.
8) (UFPR) Através da Bula Sublimis Deus, de dois de junho de
1537, o papa Paulo III declarou que os índios eram verdadeiros homens, portanto
capazes de aceitar a fé cristã. A Bula proibia a escravização e a espoliação de
qualquer índio, convertido ou pagão. No Brasil, apesar disso, os índios foram
escravizados por meio de diversos artifícios legais. Sobre a questão indígena
no Brasil é correto afirmar:
1 - A legislação colonial ibérica tendeu a proibir a
escravização dos indígenas, excluídos aqueles que fossem capturados em “guerras
justas”.
2 - Os bandeirantes realizaram numerosas expedições de
apresamento de índios, sendo responsáveis pela destruição das missões
jesuíticas espanholas, dentre as quais a da região do Guairá.
4 - Nas lavouras açucareiras do Nordeste, entre os séculos XVI
e XVII, o uso da mão-de-obra indígena foi paulatinamente sendo substituído pela
exploração do escravo africano.
8 - O Marquês de Pombal, ministro do rei D. José I, para
acabar com a influência dos jesuítas nas comunidades indígenas e no setor
educacional, os expulsou de Portugal e de suas colônias.
16 - Os índios escravizados eram usados principalmente em
tarefas domésticas.
Gabarito:
Role para baixo
Role para baixo
Role para baixo
Role para baixo
1 – C
2 – 4 e 32
3 – D
4 – C
5 – A
6 – E
7 – D
8 - 15
A escravidão indígena no período colonial
Os
indígenas foram escravizados do início da colonização até a reforma pombalina
ocorrida no século XVIII.
Os
indígenas eram essenciais para os planos de colonização da Coroa portuguesa,
foram muitos importantes para a sobrevivência dos colonos, foi com os povos originários
que os portugueses aprenderam sobre os animais, plantas, frutas que só existiam
neste continente (tamanduá,
cacau, guaraná, etc.) O trabalho indígena foi decisivo para o início da
colonização, “a escravidão indígena desempenhou um papel de grande impacto não
apenas sobre as populações nativas como também na constituição da sociedade e
economia coloniais” 1 destinada principalmente no cultivo de cana de açúcar.
A
legislação sobre a questão da escravidão se demonstrou ser ambígua, “redundando
numa longa sucessão de leis e decretos que, apesar de reiterarem o princípio da
liberdade indígena, também regulamentavam as condições nas quais os índios
pudessem ser legítimos cativos”. 2 A condição para “o cativeiro só seria
legítimo nos casos em que os índios fossem subjugados por intermédio de uma guerra justa, a qual teria de ser
aprovada por uma Licença Régia ou pelo Governador”. 3 A Coroa também emitiu
cartas régias autorizando guerras a índios inimigos como foi o caso dos Caetés
em 1562, foram acusados de devorar o bispo Dom Pero Fernandes Sardinha, o
processo de acusação deu-se seis anos após o fato, levando a crer que os
motivos políticos eram suprir uma necessidade de mão de obra. Sabe-se que as leis que impediam uma
“escravidão injustas” não foram respeitadas, muitas expedições eram formadas
pelos colonos para aprisionar os indígenas, eram expedições de apresamento, resgates, bandeiras e guerras justas. Missões
de resgates seriam aquelas que salvariam os prisioneiros indígenas de tribos
rivais, aqueles que seriam sacrificados em rituais antropofágicos.
Uma
outra maneira onde o trabalho indígena foi utilizado eram nas missões jesuíticas, vilarejos
organizados para a catequização dos
indígenas, produção agrícola, e defesa militar – organização de milícias
indígenas, responsáveis por proteger e ocupar o território da colônia. As
missões foram de suma importância para a Coroa, desenvolveram a economia
colonial, garantiram a defesa das fronteiras, os indígenas foram responsáveis
por defender as ofensivas de outros colonizadores como os franceses e
holandeses. Ir para uma missão jesuítica
era uma maneira de permanecer vivo e não ser escravizado pelos colonos, porem muitas
missões sofreram ataques de bandeirantes em expedições de apresamento, havia,
portanto, uma luta política entre os
jesuítas e os colonos que queriam escravizar os indígenas – Jesuítas são conhecidos
como defensores da liberdade indígena. A administração destas vilas dividiam-se
entre os padres jesuítas e uma autoridade indígena, o trabalho indígena nas missões
é vista pelos historiadores atuais como um processo de resistência, uma maneira
encontrada de permanecerem existindo. Apesar da lealdade dos jesuítas com a
Coroa, as missões foram extintas no Brasil após a reforma pombalina e a
expulsão dos jesuítas do Brasil, foram motivadas também pela Guerra Guaranítica (1750 – 1756),
guerra motivada pela necessidade de transferência de localidade das missões que
ficaram na parte espanhola -localizadas no sul do Brasil, após a assinatura do tratado de Madri (1750), alguns
indígenas consideraram uma traição dos padres jesuíticas e se recusaram a sair
de suas terras, formaram um exército de aproximadamente 2500 homens, mas foram
derrotados pelas tropas da coroa. 4
Redução Jesuítica |
Ao estudar
o processo de escravidão indígena na formação do Brasil verificamos que foi
responsável pela grande diminuição demográfica destes povos, o processo foi
cruel e genocida. As populações
nativas foram atacadas e aprisionadas em massa, as condições de vida dos
escravizados eram precárias e resultavam na morte em pouco tempo. “o padre João
de Sousa Ferreira ilustrava bem a situação demográfica e sua relação com o
cativeiro: "Metendo dez escravos em casa, daí a dez anos não havia um; mas
fugindo um casal para o mato, achava-se daí a dez anos com dez filhos."5
As epidemias devastaram populações
nativas inteiras, o sistema imunológico dos indígenas não tinham forte
resistência trazida pelos portugueses.
Podemos
citar alguns motivos da substituição da mão de obra indígena pelo escravo
africano. O escravo indígena era mais ligado a terra e a sua cultura, tinha
maior facilidade para organizar fugas – iriam até mesmo se juntarem aos
quilombos, pois geralmente eram escravos da mesma etnia – diferentemente dos
escravos africanos que eram retirados de sua terra e que tinham origens muito
diversas, onde os proprietários tinham o cuidado de separa-los de todos os
laços possíveis. O trabalho agrícola era associado ao trabalho feminino em
diversas tribos. Os indígenas eram muito suscetíveis a doenças e epidemias,
colaborando assim para uma grande redução populacional.
Bibliografia
1 MONTEIRO, Jhon. O escravo índio, esse desconhecido.
IN: Luís Donisete Benzi Grupioni (org.). Índios no Brasil. Brasília: Ministério
da Educação e do Desporto, 1994, p. 105-120.
2
caput
3 GILENO, C. H. A legislação indígena: ambiguidades na formação do Estado-nação no Brasil. Cad. CRH [online]. 2007, vol.20, n.49, pp. 123-133.
4
Documentário Missões Jesuíticas – Guerreiros da fé. 2010. TV Senado. Brasil.
5
Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, 10 vols., Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira, 1938-50, vol. 7:295; Sousa Ferreira, "América
Abreviada," p. 117
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